quinta-feira, 26 de março de 2015



AULA 6      Criação com sucata - Experimentando a linguagem plástica  


Segundo os criativos, uma ideia nasce após muita pesquisa, leitura e reflexão sobre o assunto, ou seja, para que a ideia apareça é necessário que nosso "arquivo" mental esteja cheio. É como se uma gaveta se abrisse e - Eureka! - surge a ideia. Se nosso arquivo mental estiver vazio, por não o abastecermos de pensamentos, imagens, sons, ou porque nunca estudamos, observamos, analisamos ou lemos criticamente sobre o assunto em questão, como poderemos criar? 

Um artista plástico, por exemplo, tem um olhar diferente para as coisas a sua volta. Ele olha, com muito mais atenção, para tudo, como se estivesse fotografando as imagens para guardá-las em seu arquivo mental. Ao ser estimulado a criar, este arquivo se abre e sua imaginação cria formas e cores, misturando, combinando, recortando, desfocando, recolorindo ou transformando estas imagens. A mesma coisa acontece com o músico que possui um ouvido diferente dos demais. Ele ouve tudo com muito mais atenção, levando para seu arquivo mental diversas ideias musicais, diferentes timbres, sons e ritmos, extraídos das mais diversificadas fontes, não só musicais mas também de sons extraídos da natureza, do dia a dia e até de objetos inusitados. Diz a lenda que o grande compositor Beethoven  se inspirou numa batida na porta (tam tam tam tammmm) e compôs toda uma sinfonia (5ª sinfonia).

Portanto, tendo em vista a 1ª fase, dentre as diversas fases do processo criativo, proponho inicialmente uma pesquisa, na cidade onde os alunos moram, sobre criatividade com sucata: Quem são as pessoas que estão criando e utilizando a sucata como matéria prima, como elas fazem seu trabalho e o que utilizam? 

Ao apresentarem suas pesquisas, os alunos percebem que a criatividade muitas vezes não depende do grau escolar, pois alguns artesãos ou artistas são pessoas de classe baixa e até não frequentaram escola. As peças criadas por estas pessoas são levadas para a sala e apreciadas pelos alunos. O pesquisador relata como o artista teve a ideia, como a peça foi feita e que materiais foram usados. Assim, eles começam a pensar e a refletir sobre o assunto. Inclusive abordam o problema do lixo nas cidades, principalmente o eletrônico, agravados pela falta de políticas públicas para coleta, armazenamento e reciclagem e ausência de políticas de proteção ao meio ambiente. Na verdade, começam a ter um outro olhar para o que eles chamam de lixo e começam a pensar em como criar algo com a matéria prima: sucata. O arquivo mental começa a ser "abastecido" com informações extraídas das ideias de artesãos, artistas, internet, livros consultados, visitas a projetos, manipulação e observação das sucatas.


Na aula seguinte, separo os alunos em equipes que vão às ruas fazer uma pesquisa de campo. Nas repartições e lojas, perguntam sobre o destino da sucata que ali são geradas. Coletam algumas que estão disponíveis para formar o nosso laboratório de criação. Na maioria dos estabelecimentos, somente o papelão e as latas de alumínio são reconhecidos como sucatas e entregues a uma associação de catadores. Diversos materiais são coletados: brinquedos quebrados, peças de relógios, embalagens diversas, isopor, retalhos de madeira, tecidos, "ferro velho", componentes eletrônicos etc. 

Quanto mais diversificadas as sucatas, mais possibilidades para a criação de peças originais e surpreendentes. 


Nas próximas aulas, os alunos se envolvem com a criação utilizando como matéria prima a sucata. A sala passa por uma transformação, vira um "laboratório" de criação, onde todos os materiais necessários para a confecção do objeto, pretendido pelo aluno, estarão disponíveis.
1ª FASE: Montagem da ideia 
Os alunos cortam, serram, modelam e emendam sucatas com arame, cola, fita crepe ou barbante, montando, desta forma, um "esqueleto" da peça imaginada.
2ª FASE:
Papietagem da peça (clique para ver o vídeo) 
Nesta fase, a ideia, ainda frágil, precisa ser reforçada pela técnica de papietagem, que consiste em prensagem de jornais velhos embebidos numa cola caseira, feita à base de farinha de trigo cozida, conhecida como grude.
3ª FASE: Acabamento com massa corrida (Clique para ver vídeo)
Antes de pintar ou fazer colagens na peça é necessário preparar a superfície da mesma com massa corrida que, após a secagem, deve ser lixada ou texturizada conforme a criatividade do aluno.
4ª FASE:  Pintura e acabamento final.
Nesta fase, apresento aos alunos várias técnicas de pintura, colagem e texturas  para que eles tenham conhecimento e assim possam ter uma variedade de acabamentos valorizando o arremate final da peça.

Ao final do trabalho, os alunos fazem uma avaliação dos resultados que apresento no Menu : Avaliação dos alunos.
Para conhecer e apreciar as criações dos alunos vá ao Menu: Criação com Sucata
Para aprofundar sobre CRIATIVIDADE:  vá ao Menu:  Criatividade   

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