quinta-feira, 26 de março de 2015

AULA 7 O DESAFIO DE AVALIAR OS TRABALHOS ARTÍSTICOS

AULA 7    O DESAFIO DE AVALIAR OS TRABALHOS ARTÍSTICOS


A avaliação em artes é um processo muito delicado e extremamente importante, pois cada aluno está num "grau" de desenvolvimento criativo e de desinibição artística. Saber que está sendo avaliado pode piorar os bloqueios em relação à expressão e criação de alguns alunos. As avaliações, representadas por números,  estão presentes na maioria das escolas e projetos pedagógicos, o que dificulta um pouco simbolizar os diferentes "graus"  e estágios, em que estão os alunos, em relação a expressão e criação. Avaliar, para mim, nas aulas de artes, é um processo contínuo e abrangente e não se resume a uma "prova" que mede o acúmulo de conhecimentos ao final do mês ou a dar notas se os alunos utilizaram perfeitamente as técnicas ensinadas ou mesmo, se o trabalho apresentado é bonito ou feio para o professor. O antigo diário de classe, não muito diferente do atual diário eletrônico,  só comportam números, que simbolizam as faltas e notas de exercícios, provas e  trabalhos. Como minha avaliação é feita principalmente pela observação de atitudes e características pessoais como: participação, trabalho em equipe, criatividade, iniciativa, comprometimento, liderança, dentre outras, encontro uma certa dificuldade em transcrever e simbolizar, por números, as minhas listas de observações diárias para os espaços "oficiais", destinados à nota da avaliação. Mas, o mais importante, é chegar  a um resultado justo para os alunos, ou seja, aquele que espelhe o estágio em que se encontra o aluno em relação aos objetivos propostos e combinados previamente junto à turma. Em relação aos trabalhos com sucata, combino, antes do início desta tarefa, os itens a serem avaliados: participação, organização da sala/laboratório, trabalho em equipe, perseverança, criatividade na ideia e criatividade no acabamento. Ao estudarmos sobre criatividade, ressalto que podemos classificá-la, de um  modo geral, em:
1- Criatividade alta = quando o aluno consegue realizar algo bem diferente, original, algo nunca visto ou realizado.
2- Criatividade média = quando o aluno realiza uma ideia, baseada numa existente, mas com algumas características novas e criativas.
3- Criatividade pequena = quando o aluno copia uma ideia sem nenhuma adaptação ou acréscimo pessoal. Considero que,mesmo copiando, ainda colocamos algo nosso, como uma marca pessoal.
Recordando o assunto estudado - criatividade - e os objetivos propostos para a aula, realizo uma dinâmica para avaliação dos trabalhos finais. Peço aos alunos que, primeiro, discutam os critérios de avaliação e, depois, classifiquem os trabalhos, levando em conta a criatividade na ideia e no acabamento. Uma peça pode ter sido copiada da internet, por exemplo, mas o aluno pode ter realizado um acabamento totalmente criativo e original, portanto, os alunos terão que fazer uma  média entre estes itens. Nesta fase os alunos têm várias ideias de como realizar a dinâmica de forma justa e, ao final, o resultado deverá ser conferido e aprovado por todos. Um exemplo de avaliação, definida e realizada por eles:
Primeiramente, a turma vota num trabalho que representa cada um dos três tipos de criatividade descrito acima. Organizam estes trabalhos, considerados por todos (unanimidade ou maioria de votos) como  "exemplos" do grupo 1, 2 ou 3 sobre uma mesa. Considerando estes três trabalhos como um parâmetro,  eles vão organizando todos os outros, por votação, decidindo em consenso quais estão semelhantes a eles.  Ao conferir a classificação final, o aluno que não concordar com algum item ou classificação deve apresentar suas considerações para a turma e colocar seu comentário em votação. Esta "combinação" faz com que os alunos exercitem a democracia, o diálogo, a percepção e compreensão do outro, a auto avaliação, a avaliação crítica, entre outras características importantes para o crescimento pessoal e social da turma. Nesta aula, fica claro para eles como é difícil avaliar um trabalho artístico, mas, como nosso sistema educacional ainda está pautado pelos números/notas, é necessário que busquemos alternativas criativas e consistentes para cumprir com as normas acadêmicas e com esta etapa importante do processo ensino-aprendizagem. Dentro de um sistema onde todas os professores e todos os alunos já estão 'acostumados' a medirem e serem medidos por provas e trabalhos, não avaliar, ou não apresentar a nota, pode levar os alunos a não valorizarem a disciplina, mesmo que a redação da nova LDB (Art. 24) garanta que: ...a avaliação do desempenho do aluno deve ser contínua e cumulativa, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais...
Nesta dinâmica, o aluno aprende a se avaliar, citando seus pontos fortes, seus pontos fracos, suas facilidades/dificuldades, habilidades, o que desenvolveu nas aulas e o que ainda precisa trabalhar e melhorar. Desta forma, desenvolve-se a noção de responsabilidade e uma atitude crítica. Criando oportunidades para que pratique a auto-avaliação, começando pela apreciação de si mesmo, de seus erros e acertos, ele vai adquirindo e assumindo a responsabilidade por seus atos. Daí, a necessidade de uma educação dialógica, transparente, baseada em critérios claros, definidos e assumidos por todos os envolvidos no processo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário