quinta-feira, 26 de março de 2015

AULA 5 - 2º BIMESTRE

 CRIATIVIDADE 

Após o trabalho feito no primeiro bimestre, os alunos, de uma forma geral, já estão mais à vontade e seguros para poderem se expressar, perante seu grupo, numa linguagem artística mais simples. A linguagem plástica é a primeira escolhida por já ser conhecida e, de alguma forma, ter sido experimentada na maioria das escolas, seja através de desenhos, colagens, pinturas etc. Considero-a mais simples porque o aluno pode desenvolvê-la sozinho, sem depender do outro ou de uma equipe. Como nesta fase alguns alunos ainda estão inibidos em sua expressão e ou possuem dificuldades em trabalhar em equipe, a criação nesta linguagem é uma ótima oportunidade para observarmos e avaliarmos as características individuais e do grupo. Sem contar que, no ensino médio, vários alunos relatam que a criatividade para eles é um dom, que é privilégio de alguns e têm certeza de que não são criativos!
Antes de iniciar os trabalhos práticos precisamos estudar o que é criatividade, como ela é desenvolvida e como ela pode ter sido bloqueada nas pessoas. Os maiores bloqueios para a criatividade muitas vezes são os internos, enraizados numa baixa auto estima, num complexo de inferioridade ou num preconceito. O ambiente externo também é muito importante pois podemos inibir nossa criatividade para não fazer ou expressar algo original, diferente, que poderia despertar o comentário dos outros. 
Existem textos ótimos para iniciarmos uma reflexão sobre isso. Utilizo os textos:
Flor vermelha e caule verde:
A Escola de animais:

Após a leitura, os alunos debatem os textos, apontam semelhanças entre eles, exemplificam com fatos da vida escolar, reconhecem que a criatividade não é um dom mas um atributo humano, como a inteligência, que muitas vezes não foi desenvolvida, mas sim, atrofiada.   
O texto "A Águia que quase virou galinha" é o "resumo" de minha proposta de curso. Digo para os alunos que não sou o homem que, em último caso, jogou a águia no abismo. Prefiro mostrar o caminho para as montanhas e esperar que todos tenham coragem de conhecê-lo e experimentar o prazer de saltar e voar em liberdade. Proponho uma caminhada onde sigamos juntos, uns apoiando os outros, pois sei que não é fácil. É um caminho diferente, onde a gente fica mais evidente, porque vai ficando diferente do "galinheiro" e, por isso, sempre vem algumas "pedradas" das galinhas. O diferente incomoda e assusta o galinheiro que usa a pior arma para acabar com as águias que ainda estão despontando e se expressando: o deboche, a crítica destrutiva, chegando até ao Bullyng - Com isso, algumas jovens águias preferem retornar para dentro do galinheiro e ficar no que se chama "zona de conforto". Novamente reforço a importância do respeito à expressão de cada um e nos preparamos para a fase onde eles vão se expressar através de uma linguagem artística, experimentando a linguagem plástica.  
      Um outro aspecto importantíssimo a ser analisado nesta aula, antes da apresentação dos temas, é discutir com eles como geralmente os alunos apresentam trabalhos para os professores. Na maioria das vezes escolhem, entre os colegas do grupo, aquele que tem uma boa comunicação e expressão para iniciar a apresentação. Quando isso acontece, os outros com dificuldades "acomodam-se" ou inibem-se. Os mais comunicativos  tomam a palavra e podem até  tornarem-se responsáveis pela maioria das informações. Os alunos com dificuldades de comunicação e expressão ficam com pequenas partes do trabalho, quando não ficam  apenas segurando cartazes ... 
Tendo em vista a proposta de um novo paradigma educacional definido para nossas aulas de artes e a mudança de atitudes que isto acarreta, analisamos juntos que, se permanecerem agindo desta forma, os comunicativos irão desenvolver cada vez mais e se distanciarão daqueles que, por falta de estímulo ou oportunidades,  continuarão com suas dificuldades e bloqueios quanto a expressão e comunicação.
A partir desta análise, abro espaço para a criatividade pedindo a eles que pensem em uma forma diferente de apresentar as ideias do grupo, podendo utilizar outras linguagens que não seja só a oral. Reforço também que é importante trabalhar em equipe, não em grupo, como já estão acostumados, No modelo que chamamos grupo, alguns alunos tomam a frente e direcionam o trabalho enquanto outros não se comprometem, brincam ou até mesmo só assinam.  No modelo do trabalho em equipe, ressalta-se a liderança, e não a chefia, onde as relações são mais "horizontais" e todos produzem, comprometendo-se com o resultado final. Analisamos a importância de trabalhar em equipe, onde todos precisam produzir, respeitando suas capacidades e limites. Neste momento levantamos  as facilidades, dificuldades e bloqueios que a turma necessita trabalhar para melhorar a comunicação e expressão, características necessárias para o desenvolvimento da liderança.

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