quinta-feira, 26 de março de 2015

AULA 8 - DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

 MAPA SOCIOMÉTRICO

   
 Esta dinâmica é aplicada ao final do 1º semestre, depois que os alunos já têm uma convivência de alguns meses na escola. O objetivo é fazer um estudo, na prática, das relações interpessoais, através da confecção de um "mapa", que demonstra os relacionamentos entre eles. Este estudo, das relações humanas, é importantíssimo para o desenvolvimento de nossos objetivos, traçados no início do ano, principalmente aquele que diz respeito à construção de um novo paradigma, mais humano e solidário, fundamentado nas relações onde o SER é mais importante do que o TER. Cabe ressaltar, sem me estender neste post numa discussão e digressão, que, para mim, aprendizagem e qualidade nas relações humanas estão proporcionalmente e totalmente interligadas. 
   Enfim, para que as diferentes formas de se relacionar ficassem registradas e simbolizadas, criei uma espécie de mapa com o  desenho  abaixo.
COMO PREENCHER O MAPA
MODELO DO MAPA
  A turma é organizada em círculo com lápis ou caneta na mão. Distribuo os mapas. Explico que o desenho é composto por quatro círculos concêntricos que simbolizam quatro "graus" ou tipos de relacionamento entre os colegas. No círculo central, o aluno deverá colocar o seu próprio nome e depois passar o mapa para os demais colegas no sentido horário, ou seja, para a esquerda. De posse do mapa do colega, cada aluno deverá identificar  o grau de relacionamento com o dono do mapa. O primeiro círculo(menor), ao redor do nome, simboliza o relacionamento  mais próximo entre as pessoas ou seja, o da amizade, pessoas em que ele confia detalhes de sua vida que  não mencionaria a outras. O 2º círculo representa o colega bem próximo, aquele que convive mais no dia a dia. O 4º círculo representa um relacionamento mais distante, com apenas cumprimentos, ou seja, poucas palavras. O 3º círculo fica como uma alternativa entre o relacionamento mais próximo e o mais distante. Há a possibilidade de registrar o relacionamento fora das "órbitas" (círculos) quando o aluno, por algum motivo, não se relaciona com o colega. Alguns motivos que aparecem na sala são: timidez, reclusão e  ou
Mapa final - 1ª fase
rompimento nas relações por desentendimento. 

   Os alunos marcam o círculo, com um pequeno ponto acompanhado de sua assinatura, que corresponde  ao tipo de relacionamento com o dono do mapa. Os mapas vão passando de mão em mão  e os alunos vão se posicionando nos círculos correspondentes, como vemos no exemplo ao lado,  na imagem final de um mapa.
Após a conclusão do Mapa, os alunos anotam ao lado a quantidade de  nomes em cada círculo. Calculam a porcentagem de convergência somando o nº1 com o nº2 e a porcentagem de divergência somando o nº 3, 4 e fora de "órbita". No exemplo ao lado, o aluno tem 17% de convergência para 83% de divergência.
           ANÁLISE DA DINÂMICA - 1ª FASE
   Chamamos de mapa convergente aquele que é constituído por uma maioria de nomes marcados no 1º e 2º círculos, simbolizando os relacionamentos mais próximos. Mapa divergente seria aquele com mais nomes no 3º, 4º  e fora dos círculos. Observando o desenho do mapa acima, constatamos que ele tem um desenho divergente pois, a maioria dos colegas marcou numa posição mais distante do dono do mapa. Na verdade não foi ele quem desenhou seu próprio mapa, foram os colegas que se posicionaram. Com a concordância dos alunos, analisamos os desenhos mais convergentes e divergentes da sala. O objetivo é definir quais são as características e ou formas de ser, ou agir, da pessoa que possuem estes mapas, que fazem com as pessoas se afastem ou se aproximem. O feedback deste trabalho é muito significativo para as pessoas que o permitem, pois são os colegas que identificam pontos positivos e negativos nas relações entre eles. O estudo é feito na prática e não apenas através de teorias sobre as relações humanas, do perfil do bom profissional ou do líder.
     Após a análise das causas da convergência e divergência, anotamos no quadro, todas  
as características apontadas, para que assim possamos fazer uma reflexão sobre como nossos pensamentos, ações e expressões são responsáveis pela aproximação ou não das pessoas. É interessante mostrar que a posição que eles ocupam e se agrupam na sala também reflete interesses, afinidades, empatia, simpatia, aversão, preconceito, entre outros aspectos do relacionamento humano.
Nesta  primeira fase, podemos analisar, discutir e compreender como se dá a dinâmica das relações humanas, suas facilidades, dificuldades e bloqueios. Desta forma, podemos reforçar, melhorar, corrigir e ou rever posturas e conceitos que refletem, de alguma maneira, padrões  e modelos de como fomos educados. Lembrando, mais uma vez, que educadores não são apenas pais e professores, mas também a sociedade, a mídia e outras instituições que nos influenciam de forma significativa. Desenvolvemos a nossa maneira de ser na medida em que nos relacionamos, socializamos com as pessoas e com o ambiente à nossa volta, ou seja, o comportamento dos indivíduos é condicionado e formado pela cultura em que ele convive. Como uma "matriz" que interfere e infuencia nosso modo de perceber/ler o mundo e nos relacionar com ele.
Livro: Inteligencia Emocional - página 69
 Como complementação, apresento aos alunos os estudos de Daniel Goleman sobre Inteligência Emocional, pois quando analisamos as causas de alguns mapas divergentes verificamos que a dificuldade em resolver conflitos, bem como a paciência em lidar com o outro, ouvir o outro e respeitar as diferenças, estão em "baixa". A empatia, a que se refere Daniel, em muitos casos, já está obstruída.
  A partir desta aula, onde estabelecemos o desafio de obter, ao final do ano, mapas mais convergentes, planejo dinâmicas e atividades em equipe ligadas a linguagem cênica, buscando a socialização, desinibição e expressão. Esta linguagem contribui sobremaneira para a liberação dos bloqueios e barreiras de comunicação, melhorando consideravelmente a expressão pessoal e a convivência em equipe. Fato este, comprovado na análise final da 2ª fase do Mapa Sociométrico aplicado no último dia de aula, como vemos abaixo:
   Em 2013, Observando o resultado acima, verificamos que todas as turmas melhoraram significativamente suas relações. Destaco a turma 2, que possuía mais dificuldades em relacionamentos mais próximos(convergentes), por ter correspondido de forma surpreendente e positiva aos objetivos e propostas das aulas. Sem querer levantar alguma teoria sobre as dificuldades de relacionamento daqueles que têm “uma queda” pelo mundo virtual, observo que o resultado acima, da turma 2 (informática), é bastante semelhante a de todos os  anos em que trabalho no Cefet, ou seja, os mapas destas turmas têm sempre uma característica mais divergente, no início do ano letivo, em comparação com as outras turmas de Mecânica e Eletrotécnica. Enfim, esta turma foi a que mais realizou movimentos de convergência. Esta união ficou bastante evidente na qualidade das apresentações teatrais e no  grau de comprometimento da equipe. Nesta turma, todos os mapas ficaram convergentes exceto, o mapa de um aluno que saiu da escola no 3º bimestre.
A seguir relatarei as atividades e dinâmicas que apliquei para chegar a esse resultado significativo. Lembrando que estas atividades precisam ser aplicadas com uma observação constante do professor e, ao final, estar sempre acompanhadas de feedbacks para os alunos e grupo senão, eles podem confundi-las e tratá-las como brincadeiras e ou passa tempo. As dinâmicas são instrumentos valiosíssimos para uma aprendizagem vivencial como já mencionado anteriormente:
   Nesta forma de aprendizagem, conforme descreve o estudioso do assunto, David Kolb, o processo de aprendizagem é uma situação ativa, viva e que, portanto, privilegia a experiência prática e a vivência do aluno, tornando mais frutífera a estruturação do conhecimento. O aluno é agente ativo e parte indissociável neste processo. Seguindo este princípio, as dinâmicas ou trabalhos artísticos promovem uma VIVÊNCIA, que, após concluídos, desencadeiam um relato dos sentimentos, dificuldades, facilidades, emoções e reações. A partir daí, podemos realizar uma avaliação individual e grupal, apontando aspectos significativos que contribuíram para o desenvolvimento pessoal e do trabalho em equipe, da melhoria na qualidade das relações interpessoais e, em alguns casos, o que ainda falta trabalhar  para atingir o objetivo proposto.







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