quinta-feira, 26 de março de 2015

AULA 4 Dinâmica 3 - 1º Bimestre

Entrevista aluno - professor


Peço a turma para escolher democraticamente um professor e um técnico administrativo (setores de apoio ao ensino) para serem entrevistados na próxima aula. O objetivo desta dinâmica é proporcionar um momento descontraído em que  os alunos possam dialogar com os profissionais escolhidos. Geralmente peço para os alunos escolherem os professores que não tem uma convivência muito próxima com eles. Alguns professores e servidores alegam que não tem tempo de conhecer mais profundamente seu aluno. O tempo às vezes é curto para ministrar todo o conteúdo a ser dado, ou, o volume de trabalho na escola não proporciona um tempo de convivência, tanto com os alunos quanto com os colegas de trabalho. Alguns são mais fechados e tímidos, ou tem problemas de comunicação, ou não querem se relacionar com os alunos por medo de perderem a "moral". O objetivo, na verdade, é mostrar aos alunos que nós, professores, somos como eles, passamos pela mesma escola e também podemos ter as mesmas dificuldades resultantes dos  mesmos processos educacionais. Somos humanos portanto, não somos perfeitos. Como a entrada no Cefet é no 1º ano do Ensino Médio, alguns alunos não conhecem a escola e, muitas vezes, são levados a ter uma pré impressão errada dos professores, por conta de comentários dos alunos das séries seguintes, que costumam pintar uma quadro mais dramático de algumas disciplinas e professores. Esta dinâmica faz com que estas falsas primeiras impressões sejam diluídas. Muitos alunos ficam surpresos ao conhecer realmente o professor ou servidor. Ao ouvirem principalmente os relatos dos servidores, por exemplo, do serviço de limpeza, tomam conhecimento da presença deles na escola, pois, para muitos, eles são invisível. Conhecer o trabalho do servidor na escola e o impacto das ações dos alunos na carga de trabalho deles aumenta as atitudes de respeito e solidariedade. Enfim começam a despertar o olhar para o outro e a ter noções de limite.
A dinâmica começa com todos sentados em círculo. Um aluno apresenta os colegas, pelo nome, ao professor e técnico administrativo. Digo aos servidores que se sintam à vontade para responder, ou não, as questões dos alunos. Cada aluno, seguindo a ordem no círculo, deverá fazer uma pergunta que pode ser direcionada aos dois, ou, uma questão para cada um. Nó início a entrevista começa "meio fria" com perguntas básicas, nome todo, cidade onde nasceu, hobby etc. Mas, a medida que as barreiras vão sendo vencidas, as perguntas vão ficando mais interessantes, os alunos querem saber mais sobre as experiências profissionais e pessoais, pedem opiniões sobre assuntos de interesse deles, trocam informações e impressões. Servidores e alunos dividem experiências de vida, reconhecem dificuldades e até  identificam  os mesmos sonhos da adolescência.
Quando a rodada de perguntas em sequencia termina, deixo a palavra livre para os alunos que ainda querem perguntar algo. Quando percebo que não há mais perguntas dos alunos, inverto o jogo: Agora é a hora dos servidores perguntarem o que quiserem para a turma ou para algum aluno. Neste momento, alguns professores pedem feedback de sua aula e de sua postura em sala, o que permite um diálogo franco e aberto entre eles. O resultado é muito bom, segundo comentários de ambas as partes.
 Estas dinâmicas, baseadas no diálogo, me remete aos estudos de Vygotsky que coloca como ponto central do processo educativo a interação social e a mediação. Na teoria de Vygotsky, é importante perceber que o aluno se constitui na relação com o outro.
PAULO FREIRE em Pedagogia da Autonomia
 Portanto, a escola é um local privilegiado pois reuni grupos bem 
diferenciados e diversificados. Essa realidade acaba contribuindo para que, no conjunto de tantas vozes, as singularidades de cada aluno sejam respeitadas. Mas, muitas escolas renegam e desvalorizam este trabalho em nome de uma disciplina do silêncio ou da ordem. Até a disposição em filas das carteiras impede o relacionamento, a interação e o diálogo, passos importantes para uma real aprendizagem .
Este é o desafio para educação hoje: A criação de uma escola bem diferente da que conhecemos. Uma escola em que as pessoas possam se relacionar, dialogar, duvidar, discutir, questionar e compartilhar saberes. Onde há espaço para transformações, para as diferenças, para o erro, para as contradições, para a solidariedade e a criatividade.
 Com esta dinâmica termino a fase de conhecimento da turma e da escola.

Para aprofundar mais sobre o pensamento de Paulo Freire, baixe seus livros, como Pedagogia da Autonomia, em :
http://bibliotecauergs.blogspot.com.br/2011/05/livros-de-paulo-freire-disponiveis-para.html

Para aprofundar mais sobre as teorias de Vygotsky, baixe o livro através do site:
http://www.4shared.com/office/l_eF7x4U/Vygotsky_aprendizado_e_desenvo.html

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